A Academia
Muzambinhense de Letras outorgou a Medalha “Uriel Tavares”, mas senti falta da
biografia do poeta.
Ele nasceu no
bairro da Lage em 10 de novembro de 1891, filho do lavrador José Melquíades de
Souza e da lavadeira Maria Clara do Rosário. Registrado apenas como Uriel, utilizou
o nome civil de Uriel Tavares de Souza
Magalhães durante toda a vida profissional, conforme nos mostra toda a
biografia e documentação arquivada no Museu Municipal de Muzambinho.
Uriel Tavares
viveu a maior parte da vida em Muzambinho onde nasceu, mas viveu em Guaxupé,
onde, após a morte, foi muito mais valorizado do que aqui, tendo inclusive um
nome de rua naquela cidade.
Ele foi
biografado pelos guaxupeanos Moacyr Costa Ferreira e Esmerino Ribeiro do Valle
Filho, mas podem ser encontrados textos deles em documentos de outros autores
de vários locais. Os livro “História de Guaxupé” de Ribeiro do Valle dedica
oito páginas a sua biografia (500 até 508). Na edição 14 de 1946 da “Revista
Brasileira”, J. Etienne Filho o biografa com o texto “Uriel Tavares, um dos ‘humilhados e luminosos’”, a partir da
página 52. O filósofo fundamentalista cristão Jackson de Figueiredo Martins
dedicou parte de um livro seu para contar sobre Uriel: o nome do livro era “Correspondências” e nesse livro que ele
o chama de ‘humilhado e luminoso’.
Ele escrevia
sobre amor, angústia, vida, do ‘ser’. Era inteligente e talentoso e gostava de
estudar, mas era miserável e passava fome. Após ser professor municipal rural
de Muzambinho (o primeiro homem a tomar posse na Prefeitura como docente),
lecionou na EE Cesário Coimbra e ministrou cursos no Lyceu do Prof. Salatiel de
Almeida. Em Guaxupé, lecionava na Academia de Comércio São José, mas também
trabalhava como braçal, nas ruas, como capinador, pois, só tinha até o 3º ano
do primário cursado. Em Guaxupé teve um ataque epilético, foi levado para a
cadeia, onde morreu lá, sem atendimentos ou cuidados, em 1938.
A sua
matrícula na Câmara de Muzambinho é a de número 47, de 14 de fevereiro de 1910,
como professor rural, recebendo 400$ mensais (apesar que Etienne Filho diz ser
300$).
A vida dele
foi tão terrível que se tornou boêmio e alcoólatra. Durante a vida foi protegido pelo
muzambinhense Camilo Paolielo, que o apresentou para jornalistas e
intelectuais.
Dizem que ele
teve várias frustrações amorosas. Etienne Filho conta que desde cedo ele foi “inclinado às musas”. Apesar dos
incorretos relatos dele nunca ter sido casado ou ter namorada, o Dr. Sylvio
Ribeiro do Valle diz que a primeira cesariana realizada em Guaxupé foi feita
pelo seu pai, o médico Mário Ribeiro do Valle, em 17 de janeiro de 1933, na
esposa do poeta.
"Seu nome não figura nos compêdios de
Literatura Brasileira, mas está presente na história... e é quase incrível
pensar que as mesmas mãos que lapidam tão belos versos, manejaram os mais
rústicos instrumentos nassarjetas, capinador nas
ruas de Guaxupé e que tão grande artista não teve na ânsia
da morte, uma companheira, um filho ou um amigo a enxugar-lhe as lágrimas, e
que pusesse nas suas mãos uma vela. Não teve um luto sequer."
(Moacyr C. Ferreira e Esmerino Ribeiro do Valle Filho).
“Quem teve, porém, a sorte de encontrar uma
dessas joias, de brilho singular, deve, quando for possível quando sabe que ela
desapareceu ou está para afundar na voragem do tempo, revelar quanto do seu
fulgor refletia de ‘eternidade, isto é, da suprema luz criadora” (Jackson
de Figueiredo Martins)
Um dos seus
livros “Flores ao Vento”, de 1915, foi prefaciado por Julio Bueno. O grande
Tristão de Ataíde (pseudônimo de Alceu Amoroso Lima) disse que o mais delicioso
dos livros de Jackson de Figueiredo Martins, era o que se dedicava em partes
para Uriel. A maior influência de Uriel foi o poeta Antônio Nobre. Ele foi
aplaudido ainda pelos poetas e escritores Carlos Góes, Pedro Saturnino Vieira
de Magalhães, Mário Magalhães Gomes, Honório Armond, Francisco Teive de Almeida
Magalhães, Félix Pacheco, Veiga Miranda, Perilo Gomes, Hamilton Nogueira e
Agripino Grieco, ainda em vida.
Em Muzambinho
ele deu nome de uma escola que passou por vários bairros, sendo fechada no
bairro de Montalverne nos anos 90. A rua que margeia o Parque Municipal e a BR
491 teve como nome aprovado “Rua Prof. Uriel Tavares de Souza Magalhães”, em
projeto de autoria do Ver. Prof. Otávio Luciano Camargo Sales de Magalhães, na
sessão do dia 28 de dezembro de 2012, porém, o Projeto de Lei APROVADO foi
vetado pelo Prefeito Ivan de Freitas na primeira quinzena de janeiro de 2013.
Por Otávio Sales
Muito boa e esclarecedora esta matéria. Parabéns, Otávio! Abraços
ResponderExcluir