sexta-feira, 9 de agosto de 2013

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A Província de Minas *
30 de maio de 1886


Assembléia Provincial – 14ª Sessão Ordinária em 25 de maio de 1886 – Presidência de Sr. Severiano Rezende.
Américo Luz faz um inflamado discurso dizendo que houve uma exposição na assembleia que convenceu a ambas bancadas que a frente da repartição da polícia não está um magistrado honesto, mas sim “um indivíduo que, si neste paiz do patronato, do filhotismo, da corrupção e da monarchia, as leis, a justiça e a moral não fossem um simulacro, em vez de ser o garantidor da ordem pública, ocuparia na côrte um quarto da casa da rua do Conde!”
A denúncia veio do representante do 3º districto por atos escandalosos e arbitrariedades do denunciado. Diz que o deputado foi até o palácio da polícia e trouxe o chefe da polícia pela gola do casaco até a assembleia para denunciá-lo (seria uma metáfora?). Fala do passado do chefe da polícia: transações da companhia de bondes do Maranhão, abriu um leilão para venda de despachos como juiz municipal em Caruaru, por um ato imoral em Sorocaba foi cercado na rua e ameçado de ser estrangulado tendo sido castigado com um instrumento aviltante.
Diz que o colega após a exibição acompanhou o Chefe de Polícia até Alfenas, onde diz que o mesmo se uniu com desordeiros e abriu um inquérito fantástico, regressando muito contente à capital, satisfeita a sua missão “cabalar a eleição de 15 de janeiro”.
Diz que o Chefe de Polícia desviou 3:000$ da verba de presos pobres para ter uma vida de Sardanapalo. Diz que em todo ponto da capital se perguntavam se são verdades as denúncias. Afirma ser verdade.
Ainda denuncia que requisitou um passe do ministério da justiça para transportar o filho ao Rio de Janeiro, que ocupou animais da polícia e o soldado Isaac da guarda urbana como camarada de seu filho em uma viagem para Queluz.
Diz ainda que o Chefe de Polícia celebrava um contrato vergonhoso de campainhas elétricas no palácio da polícia com o Sr. Morriskon. Zeferino aparteia dizendo que é um grande melhoramento e Drumond emenda: “Por um preço exorbitante”.
Diz ainda que o Chefe de Polícia foi atrás de deputados conservadores pedir o apoio para que votassem pelo reconhecimento do Sr. Antunes Tolendal, e, que foi enxotado por alguns ameaçando vingança, e que, no pedido, usou o nome do Desembargador Faria Lemos.
Diz que no 13º districto há muito sofrimento dos liberais e partes dos conservadores por não concordarem com a eleição de 15 de janeiro.
Pegou um jornal  “A Província de Minas” e mostrou a demissão do cargo de delegado de polícia de Lavras o cidadão João Ferreira de Aquino, que é conservador, e pergunta se não é um cidadão distinto. Zeferino e Araújo Lobato concordam. Diz que foi destituído e substituído pelo delegado militar Tenente Paula Gil. Zeferino e Luz discordam sobre as exaltações que ocorriam em Lavras. Diz que a intenção da substituição é prender o filho do finado coronel Amaral, ex-deputado (com apoio geral): “Depois do assassinato do pai, querem castigar o filho. Maldita política!”. Questiona a nomeação de delegado militar se está quase tomando posse o juiz de direito André Martins de Andrade, removido de Caldas. Araújo Lobato diz que o Dr. André honra a magistratura brasileira.
Diz que há omissão e vingança do governo, citando o caso de Passos, onde não houve medida como em Alfenas, sendo que em Passos se pedem nomeações. Diz que por lá foi assassinado publicamente por um policial o cidadão Manoel Joaquim de Siqueira, representante da firma Luiz Bernardo Gonçalves Pereira & Cia, da corte. Manoel Joaquim de Siqueira estava junto com José Eloy Savoy, em um hotel segundo Américo Luz e segundo Nogueira em um bordel. (Ferraz e José Carlos discutem e o presidente chama atenção). Américo Luz diz: “O nobre deputado quer fazer referência a um facto da vida particular de um moço solteiro! Isso não á muito próprio de seu carácter sacerdotal.” (Apoiados) C. Cerqueira diz que é preciso respeitar a memória dos mortos, Parce sepultis.
A. Luz diz que José Soares e Manoel Joaquim de Siqueira estavam em Passos para liquidar contas comerciais, sendo que o 1º estava incumbido de uma cobrança contra João Theodoro, pai do atual delegado de polícia Azarias de Mello e Souza. Relata que saíram no período noturno e que o subdelegado de polícia Azarias Mello e Souza ordenou o soldado Lindolpho para assassinar Savoy, que levava consigo ordem terminante para liquidar um negócio com seu pai. Ficou provado que a garrucha com o soldado Lindolpho pertencia ao pai de Azarias. O soldado se enganou e matou Manoel que estava com Savoy. Nogueira diz que está curioso para saber qual jornal publicou isso, e, diz Américo Luz que foi “Liberal Mineiro” em artigo de Avelino Fernandes. Diz que o soldado Lindolpho ainda residiu no quartel por 5 dias, mesmo sendo público e notório o assassinato, sem que ninguém o incomodasse. Nogueira diz que A. Luz está mal informado e falando apaixonadamente. Apela ao desembargador Faria Lemos que tome atitude para não ficar impune o crime. Diz que Passos era um “seio de Abrahão” até ser mandado para lá como juiz municipal Dr.Henrique João de Lacerda.
S. Lima diz “não esqueça das falcatruas do juiz de Musambinho” A. Luz diz que o colega se engana no aparte, deve-se referir ao juiz de Pouso Alegre, pois o de Muzambinho, Dr. Joaquim de Luna Miranda Couto é um talento privilegiado, um caráter sério e juiz modelo. Diz que o juiz não se intimidou com uma carta ameaçadora nas eleições enviadas pelo Dr. Barros Cobra, sendo imparcial. S. Ferraz diz que o magistrado é ilustre e honrado.
Diz que o juiz de Passos, Dr. Lacerda, que entrou em atrito com Saturnino Vilhena de Alcântara, sendo que após ofendê-lo, fez questão de o esperar na saída da matriz e ofendê-lo mais ainda e cuspir em sua cara por não receber resposta de Saturnino. Após isso houve via de fatos e chicotadas. Diz que o jury, de conservadores, absolveu Saturnino, e o juiz municipal pediu 5:000$ pelas chicotadas, não recebidas.
Diz que o Dr. Lacerda foi para Pouso Alegre como liberal e ficou até 20 de agosto, mudando oficialmente de lado, demitindo a bem do serviço público o funcionário José Ruy Possolo, do cargo de curador geral dos orphãos do termo de Ouro-Fino. A resposta foi dada no jornal “Valle Sapucahy” na sessão livre, de Pouso Alegre, do cel. Joaquim Leonel de Azevedo, onde afirmava que não se ofendia em ser demitido por ter colocado preço nas chicotadas que levou em praça pública. Diz que a tipografia foi incendiada após isso em 2 de março, 1h da madrugada. A. Lobato diz que o jornal “A República” foi incendiado em 1873 a pedido do conselheiro conservador Duarte de Azevedo. A. Luz afirma que o juiz mandou o delegado de polícia de Ouro Fino, José Polycarpo de Almeida Queiroz, e o subdelegado José Xavier de Paula Ramos convidassem capangas da força pública para destruir a tipografia. O incêndio e depredação tinha 200 pessoas e era conduzido por delgado e subdelegado e ainda Gustavo Cobra e Fernando Cobra, irmão e tio do deputado Barros Cobra. Reduziram tudo a cinzas no átrio da Igreja. O grupo percorreu a rua dando “vivas e morras”, atacando também a casa do amigo de Américo Luz, Honório Ferreira dos Santos e do promotor público Aureliano Baptista Pinto de Almeida, e lá atiraram pedras nas vidraças.  Ainda intimaram no outro dia, por meio do irmão do deputado Cobra, que o Sr. Coronel João Luiz Campos se retirasse da cidade em 24 horas. Relata no jornal “O País” sobre o fato descrito, dizendo que eles espancaram o escravo que cuidava da tipografia, e, gritavam “viva o partido conservador – e – morrão os liberais!”. Diz que o jornal, mesmo sendo de um liberal, era neutro, e o artigo era da sessão livre, sem responsabilidade do jornal. Os assaltantes foram intimados para o dia 28, uma diligência importante. Diz que nessa edição nenhum cidadão de Ouro Fino, Borda e Monte Sião receberam o Jornal. Diz que ouviu do Agente do Correio que gostava do emprego, apesar de pouco rendoso, e ficou lá até decidir por Silviano Brandão e não por Barros Cobra na eleição. Diz que o deputado provincial coronel João Luiz de Campos, que foi a negócios na cidade foi intimado sob pena de ser assassinado em 24 horas. Diz que o Sr. Dr. Portella mandou para Pouso-Alegre o chefe de polícia para resolver a situação, diz que nessa viagem, o Sr. Antônio Pedro Ferreira Lima desceu tanto que chegou até a fintar os salários de seus camaradas (Apoiados e não apoiados). Zeverino e Ovídio diz que não é possível, e A. Luz com um papel na mão diz que tem um documento.
Diz que o chefe de polícia ao chegar em Pouso Alegre, disse o absurdo que queimar uma tipografia é algo comum, sem importância. Diz que o chefe do partido conservador na cidade, Cel. Antônio José da Silveira Leite pediu que o mesmo abrisse um inquérito, e que o chefe da polícia disse que não ia fazer nada, pois não sabia quem eram os criminosos, e foi embora sem fazer mesmo. Diz que o chefe de polícia Ferreira Lima ficou em conferências secretas com quem se suspeita serem os autores, em apenas dois dias na cidade. Sem inquérito diz que concluiu não ter participação das autoridades.
Ferreira Lima que é juiz de direito de carreira em Patos já articula com o Sr. Barros Cobra para ir para Christina onde não terá problemas.
Diz que é contra a Monarquia, e encerra dirigindo-se ao Imperador: “Consagrai, senhor, os últimos annos do vosso reinado e da monarchia no Brazil, ao restabelecimento da lei e da moralidade!”
Américo Luz requer providências dos fatos relatados, de Alfenas, Passos e Pouso Alegre.

CONHEÇA SOBRE O INCÊNDIO DO COLÉGIO SALATIEL 1969

A sindicância da derrama de diplomas falsos de Madureza em Muzambinho após o incêndio do Colégio Salatiel  e o próprio incêndio tiveram personagens interessantes...

Preservando o nome dos meninos envolvidos, temos alguns personagens e episódios.


EDSON VELLANO, fundador da UNIFENAS foi o nomeado pelo Estado de MG para fazer a sindicância da venda de diplomas como inspetor.

PLAUTO HOMERO DE CASTRO foi quem ligou para polícia para avisar do incêndio.

CARLÚCIO que arrombou o colégio no incêndio e encontrou o rapaz na sala de Física.

MICHEL SALOMÃO que conseguiu render o rapaz que colocou fogo até a polícia chegar.

PROF. TÍTIO era o Diretor, mas foi afastado e substituído por Maria Antonieta.

MILO CARLI era o inspetor do Madureza, que foi afastado.

COM. SEBASTIÃO DE SÁ era o fiscal da Secretaria do Estado em Guaxupé.

JOÃO MARQUES DE VASCONCELOS era professor da escola, mas estava afastado para ser diretor da faculdade de Guaxupé.

Nos autos fala-se em relações íntimas extra-conjugais entre uma funcionária da escola e um funcionário de outra repartição pública.

PROF. JOSÉ MARIANO FRANCO DE CARVALHO foi o motivo do incêndio. Para trocar as notas das provas dele, prof. de Física, com sala no prédio incendiado, pularam as grades do colégio, numa sexta 23h, quatro alunos do colégio e o irmão de um famoso desembargador que estava estudando em BH (sob o pretexto de que a escola era fraca) invadiram o colégio. Estavam bêbados. Eles queriam trocar a prova de Física que foram mal.

PROFA. ALICE PAOLIELO declarou que seu filho estava chateado com a destruição da sala do Grêmio no incêndio.

PROF. WELLINGTON DE OLIVEIRA afirmou que José Mariano mandava os alunos corrigirem suas provas e que sabia que os alunos trocavam as notas do professor.

Uma professora de Português chamou Vasconcelos de mau aluno e burro (leia-se: pobre)

* Após uma conversa no Bar Majestic, 5 rapazes que bebiam e comiam linguiça, tiveram idéia de pularem o Colégio e trocarem as notas das provas aplicadas pelo Prof. José Mariano Franco de Carvalho, prof de Física.

Eles saíram em 5 num carro do filho do dono do Cinema, B., que estava em BH. Um dos meninos, Vasconcelos, havia perdido a prova e feito requerimento de adiar a prova.

O incêndio ocorreu após invadirem o Colégio pulando as grades. Prado e Vasconcelos, PELO MENOS, pularam as grades e foram até a cantina pegar as chaves. Invadiram o prédio da Diretoria, construído por Salathiel, onde hoje é a entrada de alunos do Colégio: lá ficava a sala de Física do Prof. José Mariano, o Grêmio, a Secretaria e a Diretoria.

Antes do incêndio, Vasconcelos não conseguiu trocar as provas e confessou ter vandalizado secretaria, Grêmio, cantina e sala de Física.

Vasconcelos - o único pobre e sem pai - foi pego em flagrante por Carlúcio, que arrombou o Colégio. Como ele estava bêbado, teve que ser rendido por Michel Salomão.

Prado fugiu e dormiu atrás de uma árvore. E voltou no outro dia.




Dos 5 envolvidos:
B. era rico, seu pai foi vereador em Muzambinho e dono de uma casa de shows, seu avô era um dos homens mais ricos de Muzambinho (dono do terreno desapropriado para ser o Antônio Milhão e a Escola Agrícola), estudava em BH, e foi o único que não sofreu nenhuma punição, por não estudar em estabelecimento público, foi preso e solto. Ele era dono do carro que parou na porta do colégio.

R. foi preso e expulso, mas, não ficou comprovado que ele invadiu o Colégio. Era de família de posses. Estava afastado do Colégio (evasão) e faltava apenas concluir do 3º ano do Científico.

G. era menor de idade e não foi preso (17 anos).

PRADO confessou que invadiu a escola com VASCONCELOS, porém, não admitiu que colocou fogo, so que participou do vandalismo. Cinco professores dizia que PRADO era espancado pelo pai (que negou o fato nos depoimentos). PRADO era considerado bom aluno, mas triste.
>>> O depoimento de Prado dá asco. Ele acusa José Mariano de ser péssimo professor e joga a culpa toda nele. José Mariano disse em depoimento que achava que Prado era seu amigo e que ajudava ele a corrigir provas. Prado entrega José Maria e diz que ele estava drogado.

VASCONCELOS era órfão de pai, e o único pobre, e o único preso (no Carandiru). É o único que ainda mora em Muzambinho. Os professores diziam que ele era gente boa, porém, bebia muito.
Há dois fatos citados nos autos:
> Que o aluno estava faltando muito da escola, muitos dias, e corria um boato de que ele haveria viajado para o México! (!)
> Que ele havia ganhado um carro numa rifa e bateu o carro.