sábado, 2 de abril de 2016

Eleições de 2016 em Muzambinho: uma análise.

Efeito Ivan e suas consequências no pleito de 2016

            Estudante de História de Muzambinho que sou, vislumbro o processo eleitoral de 2016 sem o mínimo entusiasmo ou sem vislumbrar qualquer possibilidade de mudança. Muito pelo contrário, o que virá por aí parece que certamente representará mais retrocessos no progresso de Muzambinho do que a catástrofe sem precedentes do atual governo: ou seja, mesmo com todo ressentimento que tenho por Ivan, ainda prefiro ele diante do quadro que se vislumbra.
            Muzambinho precisa mudar, e há 6 meses das eleições esgotaram-se todas as possibilidades do surgimento de uma nova esperança, fruto do esfacelamento do grupo diante de um prefeito que sempre demonstrou totalmente despreparado para a função, apesar de suas boas convicções.
            Sim, o governo Ivan foi um fracasso. Não apenas no sentido de administrar mal ou de ter baixa popularidade perante o povo de Muzambinho, mas de demonstrar não ter a mínima capacidade de verificar os seus próprios erros e antever as consequências.
            E Ivan teve um bônus: foi vencedor das eleições federais em Muzambinho em todas as esferas, algo que jamais havia acontecido. Não soube canalizar os bônus, não ouviu ninguém, e em sua teimosia incorrigível condenou não apenas seu nome na História ou o progresso e Muzambinho, condenou todas as chances das forças progressistas pelos próximos anos.

FORÇA PROGRESSISTA
           
            Direita e Esquerda são conceitos muito complexos. Norberto Bobbio faz uma tentativa de diferenciação, explicando que a Esquerda se preocupa com a igualdade de todas as pessoas como valor supremo, enquanto para a Direita, a liberdade é o valor supremo, e, isso inclui o direito de competir e lucrar sobre o outro.
            Eu diria que em Muzambinho é complicado falar em Esquerda e Direita, mas sendo possível falar em Forças Progressistas e Conservadoras.
            Américo Luz foi um progressista ao seu tempo, bem como seu sogro Cesário Coimbra. Mas a descendência dos Coimbra sempre foi conservadora, por defender uma nova ordem. Aristides Coimbra era progressista quando debatia com Júlio Tavares, mas se tornava conservador quando duelava nos argumentos com Lycurgo Leite.
            No atual cenário eu vejo as Forças Progressistas de forma pouco pragmática, com pouca competência técnica e sem qualquer tino para a política. Essas Forças não utilizam bem a mídia, não se articulam, não se manifestam na rede social, não possuem organização e não se submetem a nenhuma liderança: vivem num estado de anarquia, competição e disputa de poder. A vaidade é uma marca maior do que a falta de conhecimento.
            As  Forças Conservadoras possuem uma visão clientelista de Muzambinho, extremamente bem articulados com a mídia, entendem que a sociedade é divida entre os pobres que merecem ajuda e esmolas, e a “nata da sociedade” (termo utilizado pela vereadora Silene Cerávolo algumas vezes). A visão desses políticos é de uma Muzambinho com indústrias e empregos e com uma falsa idéia de que o progresso está relacionado com as obras realizadas e as verbas recebidas de deputados.
            Cabe ressaltar que pessoas cuja honestidade é duvidosa compõe esse grupo clientelista. Essas forças preocupam muito mais com a sua popularidade e com a jogada de marketing fruto dos resultados do que com o bem comum e com a melhoria de vida da população.
            Não é difícil perceber que as Forças Conservadoras conseguem maior apoio popular, pois vencem com marketing e benefícios privados superando os públicos.

PAULINHO MAGALHÃES

            Paulinho Magalhães é um bom homem e é bisneto de um dos mais importantes progressistas de nossa história: Heleodoro Mariano de Almeida.
            Mas Paulinho Magalhães surgiu na política por indicação do ex-prefeito Esquilo, e, com Esquilo se manteve na política, e lá aprendeu com o grupo esquilista a fazer política de um modo conservador.
            De honestidade inquestionável, simpatia, carisma, inteligência, humildade e bom caráter, Paulinho Magalhães é um homem com predicados para ser um bom administrador, sem a húbris típica do prefeito Ivan. Talvez tenha o preparo para ser um prefeito (que Ivan não tem e não aprendeu governando). Mas há muitos poréns.
            O primeiro porém é que Paulinho Magalhães não tem a ardência necessária para um candidato a prefeito que concorre com um candidato bem articulado e popular com o ex-prefeito Esquilo. A rapidez do raciocínio e a malícia de Esquilo derrubam Paulinho como a rainha acabando com um peão prestes a chegar ao outro lado do tabuleiro. E Esquilo conhece Paulinho, e não tem medo de utilizar ardilosas técnicas de ataque para vencer.
            O segundo porém é que Paulinho Magalhães carrega com ele um grupo de pessoas historicamente conservadoras e descompromissadas com as ideologias políticas progressistas ligadas aos políticos que elegeram Nilson Bortolotti, Marco Régis e Ivan nos últimos 34 anos.
            A eleição de Paulinho é inexequível. Não vejo a mínima possibilidade de que Paulinho tenha mais votos que Esquilo em quaisquer circunstâncias.
            E se as forças progressistas apoiarem Paulinho, estarão dando vitória ao ex-prefeito Esquilo.

MARCO RÉGIS

            Ivan esfacelou com dois grupos políticos de Muzambinho: o de Ivan e o de Marco Régis. Esses grupos só existem enquanto existir a fonte pagadora do município e algumas células em torno de um ou outro líder, como Cléber Marcon, Marco Régis e Roosevelt.
            A inércia do grupo em tentar forçar Ivan a governar (ao invés de desgovernar) gerou o esfacelamento do grupo. Ivan será lembrado como quem colocou um ponto final nas carreiras políticas de muita gente em Muzambinho.
            Ivan abriu mão de ser candidato e tem noção de sua baixa popularidade.
            Marco Régis pode ser uma alternativa para prefeitura, mas, age de forma pouco pragmática. Pela primeira vez afastado por muito tempo da política formal, ainda que agregue muita gente, não é prático, e gera uma situação de desespero no grupo político.
            Além disso, Marco Régis tem convicções firmes que não abre mão de forma alguma.
            É um progressista, e, obviamente, tem meu voto e o voto de todos militantes de esquerda de Muzambinho que não desejem anular seu voto. Mas não está se mexendo da forma necessária para vencer uma eleição.

PSOL

            Muzambinho criou o PSOL com um direito composto por inúmeros intelectuais da esquerda, incluindo meia dúzia de professores do IFSULDEMINAS.
            Lindos discursos, possibilidades reais, porém, preferem os discursos e as convicções. A postura do PSOL só colabora com a eleição do mais conservador dos candidatos de Muzambinho: Esquilo.
            Entre agosto e setembro tentei dialogar com eles, mas foi impossível. A utopia não permite a realização de meio sonho quando não se abre mão de alguns detalhes para fins maiores. Eu não consegui.

ESQUILO

            Esquilo será candidato com provavel apoio de apenas dois vereadores: João Pezão e Silene Cerávolo, dois dos mais conservadores da Câmara, e, apesar de ser o campeão de rejeição no município – sendo mais rejeitado do que Marco Régis, Ivan ou Paulinho – é o que possui maior número de apoiadores certos no município.
            Lembremos que em 4 eleições consecutivas ele obteve 40% do eleitorado, independente de quem estivesse com ele.
            E com ele continuam Marinho Menezes, Luís Ricardo Bonelli e tantas outras figuras bem conhecidas de nossa cidade, que – a menos que ocorra um milagre –  voltarão ao poder, e com menos espaço a ser dividido.
            No atual cenário distópico, o candidato com mais chances de se aproximar de Esquilo em votos é o próprio Ivan, por mais que tenha feito um governo catastrófico, ainda tem uma capacidade de obter votos que Paulinho não conseguirá.
            Ao que parece, Esquilo está numa disputa fácil, lhe entregue de mão beijada pela ineficiência completa do governo de Ivan.

EMIDINHO MADEIRA

            O deputado mineiro de Nova Rezende, por mais simpático que seja, por mais força popular que de fato tem em nossa região, não consegue operar milagres.
            E falo isso pois Emidinho não é um estrategista e tampouco parece ter influência sobre o seu próprio eleitorado. O povo vota no Emidinho pela sua própria personalidade e forma de abordar as pessoas. Ele é obstinado, fala bem, mas não acredito que seja capaz de transferir votos.
            Na ilusão com Emidinho, Roosevelt e Cléber Marcon ainda alimentam alguma esperança de eleição, seja com Roosevelt ou Cléber na cabeça, ou com Cléber sendo vice de Paulinho.
            Acredito que a única forma que Emidinho poderia ajudar qualquer um dos seus aliados é utilizando artifícios “de baixo nível” para divulgar fatos e informações que denigram o ex-prefeito Esquilo. Fora isso é impossível.
            Não vejo a possibilidade de Emidinho transferir votos de um prefeito aqui em Muzambinho. Mera ilusão que só os políticos enxergam.

UM NOVO NOME

            Foram cogitados Edinho da Pavidez e Celinho Sales, que, apesar de potencial de voto, ainda não entenderam que com a capacidade que tem, seriam mais poderosos do que já são se fossem prefeitos. Provavelmente temem prejuízos nos negócios com uma eventual candidatura, mas isso pode ser ingenuidade.
            Também foi cogitado, de forma mais sensata, o nome do Créucio da Padaria, porém, o mesmo, de forma precipitada, já desmentiu, mostrando que é ótimo empresário, mas pouco articulado na conquista do poder. Seria talvez uma possibilidade para as forças progressistas.
            Outro nome, talvez mais viável, é de Altamiro Mello, que demonstra compromisso social com Muzambinho e atuação nos bastidores da política. Também teme prejuízos financeiros, mas, é um progressista, com chances de transformar Muzambinho.

O PT
            Em Muzambinho nunca existiu PT.
            Só que entrou “na moda” entre a juventude de Muzambinho ser de esquerda. Meninas beijando meninas para demonstrar formas de poder. Defesas de ideais. Manifestações no Facebook em favor do feminismo, da liberação sexual, etc, etc.
            E rejeitando a política de Aécio, a juventude votou no PT. E votou no PT por nojo à lambança feita com a Educação Pública e com os Professores nos 12 tristes anos do PSDB.
            O PT em Muzambinho não tem a condição de mudar ou alterar qualquer cenário eleitoral.
            O Odair Cunha não percebeu que o barco do Ivan já afundou. Na hora que ele perceber, não sei que vantagem terá para a nossa cidade alguém tão poderoso no governo mineiro.
Por isso é preciso aproveitar o máximo da atenção que o deputado dispõe à nossa cidade.

PADRE FRANCISCO E PADRE GUARACYBA
            Eles exerciam um bom trabalho político em Muzambinho, com uma oposição forte ao Esquilo, e de caráter progressista. Mesmo fora de Muzambinho eles ainda mantiveram certa influência na cidade, mas, se eles não se mexerem, 2016 será o último ano que eles tiveram qualquer influência na cidade.
            O desgoverno do Ivan e a inércia dos Padres em tentar mudar alguma coisa os tiraram do foco político da cidade.
            Eles se meteram em todos os governos, e, de forma positiva e politizada, que ajudavam a manter um grupo estruturado no município.
OTÁVIO SALES

            Otávio Sales, eu, não serei candidato e não é pela Lei da Ficha Limpa.
            Se eu tivesse no governo do Ivan, eu sozinho conseguiria que o governo dele não fosse tão fracassado como foi. E isso não é arrogância: eu convivi por 5 anos e meio com aquelas pessoas e conheço a limitação da maioria delas, e sei exatamente como ajudar, como fiz com a gestão do Marquinho da Empresa, que me alçou para presidência da Câmara.
            Fui tirado da Presidência da Câmara pela vaidade alheia e por eu ter tergiversado e ouvido eu não deveria ouvir.
            Há jurisprudência que diz que eu sou elegível, pois, no meu caso, a inegibilidade se dá pela minha demissão da EE Prof. Salatiel de Almeida em 2010. Porém, não fui demitido pelos itens identificados na alínea “a” do inciso I, e, portanto, há entendimentos nas eleições de 2012 e 2014 que liberaram as candidaturas.
            Mas eu caí no ostracismo pela traição de Ivan. E quem se ferrou mais do que eu foi o Ivan: eu voltarei para a política e Ivan morreu politicamente no futuro e maculou seu passado como o pior prefeito da História e Muzambinho – coisa que até mesmo seu próprio grupo político acha.
            Não sou candidato, pois, vou primeiro reconstruir meu nome com o meu trabalho social de ajuda aos estudantes, com meu trabalho como educador (feito de forma competente), com minhas pesquisas de História de Muzambinho e com a reconstrução das minhas idéias na sociedade.
            Essa reconstrução seria mais fácil com Ivan, Marco Régis ou mesmo Paulinho como prefeitos. Na administração do Esquilo será bastante complicado, mas, estarei trabalhando bem feito nas minhas bases e vou reconstruir um grupo político.
            Construirei um grupo político composto pelas forças progressistas do município, mas, de forma pragmática.
            Grupos acéfalos como os de Ivan e Paulinho tendem a virar luta de vaidades. Grupos centrados em um nome como o de Esquilo e de Marco Régis, onde o líder é bem definido, não possuem esse embate desgastante.
            O meu grupo será baseado em idéias que pretendo desenvolver para Muzambinho, e, eu pretendo ser candidato a prefeito de Muzambinho, em 2020 ou 2024, com objetivo de transformar.
            Sim. Otávio Sales não é candidato, pois, eu posso me queimar, sendo barrado novamente pela Lei da Ficha Limpa e tendo que perder meu tempo brigando na justiça, enquanto poderia utilizar esse tempo cuidar de ajudar estudantes e trabalhar pela melhoria de Muzambinho.
            Não serei candidato pois com o meu trabalho e competência nos próximos 4 ou 8 anos posso conquistar a confiança do povo de Muzambinho. Eu conheço meus conhecimentos, meu talento e meu diferencial.
            Não serei candidato pois isso me obrigaria a me afastar da EE Prof. Salatiel de Almeida no primeiro ano que retorno à Escola, e não quero isso agora.
            Não serei candidato, e de todos esses nomes eu apoio APENAS Marco Régis, sendo que em qualquer outra situação eu me reservarei a votar apenas, sem declarar apoio.
            Mas não saí da política. Continuarei militando, brigando, defendendo a minha cidade, a minha Jerusalém que é  Muzambinho. E ainda serei prefeito dessa cidade.