sábado, 31 de dezembro de 2016

Ivan, aquele que foi sem nunca ter sido


            Em plena campanha eleitoral de 2012 o então prefeito do qual éramos adversários plotou a frota com números pequenos, numerando o principal ônibus circular com um enorme 45 com cerca de 80 cm de diâmetro. Nós, que apoiávamos a candidatura de Ivan entramos com ações judiciais para remoção do número 45 dos veículos, sem efeito. O que surpreende é que hoje, 1º de janeiro de 2017, findo o mandato do nosso candidato que fora eleito, o número 45 continua plotado no mesmo veículo, hoje parado no almoxarifado, tendo corrido mais de 3 anos após nossa denúncia.
            Se fosse apenas isso! Quando o prefeito Marco Régis deixou o Paço, não demorou uma semana para o prefeito Esquilo pintar todos emblemas da administração que saía, e em pouco mais de um mês afixou a sua marca, que, passado os 4 anos de seu mandato e os 4 do sucessor adversário, ainda estão estampados na frota municipal e em diversos próprios públicos. Diga-se de passagem, que até prefeitos reeleitos trocaram o emblema da administração.
            Aliás, surpreendeu-me, ver que em 2015 ainda se emitiam alvarás da Vigilância Sanitária onde constava “Administração 2009-2012”!
            No primeiro dia que entramos no novo prédio do Paço Municipal, na R. Fausto Martiniano, vimos pintado num vitral o nome do ex-prefeito: “Sérgio Arlindo Cerávolo Paoliello”, em letras garrafais. Era 1º de janeiro de 2013, e um aliado disse: “precisamos apagar essa ousadia, é um absurdo, é ilegal”. E Sérgio Paoliello reassume com seu nome lá, sem qualquer modificação.
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            Aliás, durante a campanha, me lembro do professor Ivan dizendo: “Foi ilegal a mudança de prédio da Prefeitura sem autorização do Legislativo. A sede consta na Lei Orgânica, e iremos voltar ao prédio antigo”. E? Nem preciso dizer! Nem uma palha foi movida.
            Ivan disse no Moçambo: “Veja essa escola aqui do bairro, fechada a maior parte do dia, em meu governo as escolas funcionarão em tempo integral”. Passados 4 anos nenhuma sala de aula aberta, e duas escolas fechadas – não pela gestão do governo Ivan – diria mais pela “digestão” de propostas alienígenas. A EE Cel. José Martins foi fechada por ordens do prefeito Ivan para atender interesses da diretora da EE Prof. Salatiel de Almeida em ter mais alunos, e a EM Dr. José Januário de Magalhães (Colégio Comercial) foi fechada para atender aos interesses do diretor do IFSULDEMINAS naquele prédio. Cumpre lembrar que ambos os interessados foram adversários políticos do prefeito e continuam sendo.
            Nem é só isso. Tudo continuou em estado inercial, acontecendo de forma natural, como um rio, sem inovações. As verbas de convênios foram reduzidas e os repasses do Patrimônio Histórico zeraram por desaceleração nos projetos e por ausência de pessoas que tivessem conhecimentos técnicos suficientes.
            Aliás, o pároco de Monte Belo precisava de uma Carta de Data que toda a administração não conseguiu achar e eu achei em poucos minutos.
            O Carnaval de rua sucumbiu pela preguiça do alcaide. Os PSFs continuaram os mesmos. As obras concluídas e veículos adquiridos já estavam na planilha de dezembro de 2013, nada novo, nada original.
            Aliás, houve uma inovação: uma belíssima praça no Trevo da cidade, algo original, sui generis, mas, que gerou protestos pelo corte de dois arbustos!!! A antipatia do povo com o prefeito era tão grande que até quando ele fazia uma coisa boa se achava defeito. “Ah não, até que é legal essa pracinha, não é importante, mas é original, bonitinho. Não é possível, temos que achar um defeito.... Já sei!!! Cortaram duas arvorezinhas, vamos pro Facebook falar mal do prefeito”. Pracinha que por sinal, virou um pequeno apêndice do trevo após a remodelação completa efetuada pelo IFSULDEMINAS.
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            E a equipe de Ivan? Surpreendente!!! Eu ficava pensando: como ele a selecionou? Quais foram os critérios? Foi um sorteio?
            E no começo eu acreditava... E ele não tinha nenhum controle, ou informação ou nada.
            Mas o povo pegou birra. As urnas mostraram isso. O prefeito apoiado por Ivan em sua sucessão tinha que escondê-lo e pedir para pessoas que pudessem lembrar Ivan se esconderem. Os coordenadores da campanha de Paulinho falavam: “Esconde o Ivan.  Não deixa o povo ver que esse assessor tá no comitê. Não deixa aquele outro secretário plotar o carro dele não, ninguém pode associar Paulinho com Ivan”.
            Paulinho perdeu centenas, quiçá milhares de votos, apenas por ter o apoio de Ivan, o qual, sequer citou durante a campanha.
            Ivan é o primeiro prefeito de Muzambinho que não conseguiria se eleger sequer vereador no mandato subsequente.
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            Uma coisa podemos falar de Ivan: nunca um prefeito foi estrela dos domingos da Globo. No Faustão lembrado por Alexandre Nero, como algo que ele jamais foi como prefeito: austero, firme. No Fantástico zombado no “Me Leva Brasil” por querer banir os galináceos da cidade.
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            O título desse texto foi alusão a como Dias Gomes se referia à viúva Porcina, da trama Roque Santeiro. Mas Ivan, apesar das mesóclises e citações eruditas como dos personagens de Gomes, não era engraçado e nem dramático. Simplesmente, não era. Não foi um governo, foi um desgoverno.
            A história vai enterrar Ivan, e esquecê-lo. Não há o que falar mal. Mas não vai deixar saudades, de um governo inercial, de um prefeito inexistente, que em sua limitação sequer compreendeu o nível de sua ruindade.
            É isso. Ivan nem noção de que foi ruim tem. Não percebeu. “Eu respeito, mas não concorrrrrdo”. Pois é, prof. Ivan, entrou para a história, e daqui a 10 anos, quando os jovens vê-los na galeria dos ex-prefeitos:
- pai, quem é esse I-V-A-N, eu nunca ouvi falar.

- nem eu, meu filho, nem eu....

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