GRATIDÃO
A vida toda eu fiz trabalhos voluntários pelas pessoas. Isso fez com que eu tivesse menos dinheiro e prestígio do que tenho hoje.
Foi uma vida inteira dedicando ao outro com projetos em Educação: dezenas de milhares de horas de aula, organização de eventos educacionais (gincanas e exposições principalmente), levando estudantes para viagens, auxiliando os estudantes para se inscreverem no SISU e PROUNI.
Lembro que fiz um empréstimo de 36 mil reais para quitar dívidas do Projeto Athenas, trabalho que beneficiou mais de 3.000 estudantes.
Mas eu notava a falta de percepção das pessoas pelo que eu estava fazendo por elas. Eu jamais queria gratidão, mas queria um mínimo respeito. Não queria ingratidão.
Nunca fiz nada para receber biscoito. Aliás, inclusive me preocupava que algumas pessoas soubessem que era uma doação para evitar recusas. PORÉM, se fizesse para receber gratidão, carinho, atenção ou qualquer outra coisa, talvez fosse esse um preço justo - mas não era o caso.
Algumas vezes vim nas redes sociais falar de ingratidão e pessoas falavam: "quem ajuda o outro não fica divulgando". Eu não estava pedindo consideração no que eu fiz, mas reclamando da ingratidão. Nunca fiz para aparecer.
Há uns 8 anos eu comecei a concluir que preciso divulgar meu nome e aparecer mais pelo que eu faço. Mas eu não consigo, e continuo escondendo o que faço.
Infelizmente há muita gente que nem gosta de mim.
O que eu faço transforma vidas, e eu tenho muita dificuldade de lembrar o que eu já fiz - só noto quando a coisa aparece na minha frente.
Independentemente de qualquer coisa vou continuar fazendo pelo outro.
Estou chegando num momento da minha vida que está prestes a acontecer uma coisa boa que vai recolocar minha vida nos trilhos - coisa que infelizmente não deu tempo do meu pai ver. Isso vai fazer eu ajudar mais pessoas, e farei isso de toda forma.
Nos momentos que estava em alta foram os momentos que havia mais gratidão, mas talvez por aparecer mais e as pessoas serem mais interesseiras.
Mas enfim. Eu fiz muito, e não vou ligar com o discurso bobo de: "quem faz não quer aparecer". Eu não quero aparecer, mas se eu não divulgo, levo pedrada.
Talvez seja por eu ser naturalmente antipático. Não sei. Serão meus feromônios que exalam algo ruim? Será minha forma de andar na rua distraída e relapsa? Serão minhas roupas velhas e dentes quebrados? Será minha calvice ou meu riso bobo? Não tenho carisma, eu sei.
De toda forma, continuo contribuindo. Quando eu morrer e não existir mais a figura física antipática do Otávio o reconhecimento virá.
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