sábado, 8 de março de 2014

CELULAR NA SALA DE AULA: UMA DESPROIBIÇÃO NECESSÁRIA

Amigos,

tive uma demanda de aulas particulares a distância e um aluno me apresentou o WhatsApp. Eu poderia dar aulas, falar, tirar fotos dos exercícios e simultaneamente conversar. Muito melhor que MSN, Facebook ou Skype.

Para mim celular era pra RECEBER chamada, usar como despertador e jogar o jogo da Cobrinha enquanto eu espero no ônibus ou no consultório do dentista.

Bem! Assim que descobri o Smartphone, os alunos me apresentaram os Apps para Andróide, e encontraram tanta coisa INCRÍVEL, q eu fiquei de queixo caído.

Estava ensinando os alunos a usar o wxMaxima para resolver equações e sistemas de equações, fazer cálculos de matrizes, resolver derivadas e integrais e avisei "aqui não apresenta resolução passo a passo". Os alunos gostaram! Eu mostrava o Maxima como uma evolução das calculadoras: eles não precisavam gastar uma fortuna na hp48g, era só baixar o programa.

No dia seguinte um aluno achou MUITOS aplicativos para Android, onde vc digitava matrizes sem linhas de comando e já saia o resultado, fazia cálculos de derivadas e integrais e plota gráficos (melhor que Winplot ou Graphmática), e ainda um aplicativo que não apenas apresenta a resposta, apresenta, TODOS OS CÁLCULOS, passo a passo.

Fiquei encantado! Tudo na palma da mão! E baratíssimo para quem tem um celular: o custo dele enfiar na tomada e carregar o celular + Wi Fi roubada em algum lugar!

Agora vou ensinar meus alunos da quinta a oitava série a 'trollarem' os professores que enchem a lousa de cálculos: achei um programa que mostra a conta armada, e coloca até os 'vai um' e os riscos de cortar da subtração!!!

E olha que eu ensinar os alunos a fotografar a lousa e não copiar, já era o cúmulo da subversão para professores vigaristas.

Quando o Alckimin proibiu celulares na sala de aula nem previa essa evolução. Mas se previsse a proibição seria mais radical: ia banir das escolas!

COISAS NECESSÁRIAS DE APRENDER: VOLAPUQUE E A NOTAÇÃO POLONESA REVERSA

COISAS NECESSÁRIAS DE APRENDER: VOLAPUQUE E A NOTAÇÃO POLONESA REVERSA

Há um poema de Drummond que cita um trecho "É preciso aprender Volapuque", num poema denominado "Poema da Necessidade".

No poema, Drummond usa um eu-lírico que tem necessidade de fazer tudo, incessantemente, e, entre sonhos e utopias comuns, como gostar dos outros, salvar o país, acreditar em Deus ou comprar aparelhos eletrônicos, coloca coisas exóticas, como ler Baudelaire, e, aprender Volapuque.

Volapuque é uma língua artificial criada no século XVIII com a pretensão de ser uma língua universal: mais o menos o papel Inglês tem hoje (mas sem exame de TOEFL) e o que os espíritas ainda pretendem com o Esperanto. O Volapuque não deu certo, mas há estudiosos até hoje no assunto. Eu mesmo gostaria de entender - não a língua - mas as idéias que passavam pela cabeça de quem elaborou: como será a gramática, as estruturas sintáticas, semânticas, léxicas e fonéticas. Entender como o volapuque é talvez seja um bom aprendizado - como entender como é o espanhol, o italiano, o sueco, o latim ou o hebraico - sem pretensão alguma de aprender a falar, escrever, ler ou ouvir.

Da mesma forma, eu faço uma análise de uma situação de aprendizado INCRÍVEL: o uso da calculadora HP12C.

A minha opinião é que a calculadora é um LIXO. Há dezenas de softwares gratuitos na Internet melhores, mais precisos e menos complicados. Sem contar que há calculadoras genéricas - incrivelmente não vendidas no Brasil - que fazem a mesma coisa e custam R$ 10,00. A programação da HP12C é com ponto flutuante de 64 bits - muito menos que os milhares de bits de alguns aplicativos gratuitos na Internet.

A Regra de Ouro da Matemática Financeira: "quem tem o ouro faz a regra", não vale apenas para esquizofrenias como 'convenção linear' e 'descontos bancários', mas também para a venda da Calculadora HP12C!

A calculadora hoje custa R$ 250,00. No Bom Negócio.Com você não acha uma delas por menos de R$ 150,00 e não sai de dentro das Calculadoras nem o Supla, nem o Compadre Washington, mas também não o Richard Price, nem o Henry Ford e nem Alan Turing!

É incrível uma calculadora que tem mais de 40 anos ainda seja usada hoje em tudo quanto é banco, e cada dia sai um livro novo - caríssimo - "aprenda Matemática Financeira com a HP12C". Eu não me conformo!!!

Um aluno de Ciência da Computação me disse: "Professor, até um macaco programa uma calculadora assim, é igual aquelas calculadoras de camelô, ela é cara pois é igual isso aqui" - e ele me apontou a marca de um tênis Nike no pé de um aluno.

Mas tênis da Nike, camisas da Lacoste, e até Coca-cola e sanduíches do MacDonalds, vc encontra genéricos nos Camelôs, às vezes feitos como se fossem da mesma marca (os piratas). A HP12C não!!! A gente paga a grife bancaria da Helwett Packard.

Além disso, a calculadora é um lixo, usa o Método Polonês Reverso!

E antes que alguém defenda o Polaco Way of Calculo, eu digo: é necessário entendê-lo! Mas isso para o meu eu-lírico drummondiano! Para os alunos é apenas interessante.

O Método Polonês Reverso é interessante pois permite que se faça um cálculo aritmético digitando menos teclas (ou escrevendo menos caracteres) que o método convencional (dito às vezes Método Algébrico). Essa vantagem pode ser verificada com vários exemplos pelos alunos e depois tentando perceber os motivos dessa vantagem (ou demonstrá-las!).

Esse Método possui vantagens - de fato - porém, nós não fomos educados em Volapuque, mas em Português, e, ainda que o Volapuque seja mais vantajoso - sei lá - fomos educados em Português. Ninguém sugere que seja mais vantajoso que os franceses sejam educados em Inglês, pois as conjugações verbais são mais fáceis; ou que os russos sejam educados em italiano, pois o russo tem sete declinações para substantivos e o italiano não; ou que os japoneses escrevam com caracteres árabes, pois essa é a língua sagrada de alá e pode ser desenhado sem tirar o lápis do papel!

NÃO! Fomos educados pelo Método Algébrico, e é interessante aprender que existe o Método Polonês Reverso e entender as vantagens desse método e as desvantagens - a maior delas é que não fomos educados por esse método. Isso permite aos alunos (e à nós professores) entendermos que existe não apenas uma forma de concatenar as operações - e sem aprender Álgebra Booleana ou Grafos.

E aliás, mais do que a variação dos idiomas ou das linguagens de programação (praticamente todas a mesma coisa), a mudança de Método Algébrico para Polonês altera significativamente como entendemos as operações.

Os alunos aqui vão aprender muita coisa, e eu também aprendi. Aliás, a única coisa útil que eu aprendi com a calculadora HP12C: de que existe esse método de notação, e de que não existe apenas uma forma de escrever as expressões aritméticas!

Mas dizer que é vantajoso utilizar esse método numa calculadora é o mesmo que dizer que é vantajoso comprar um aparelho de DVD com todas as instruções em Inglês!

Só para reforçar. Eu só entendi os motivos que o Lhe é sempre Objeto Indireto ainda que não tenha preposição alguma, e que o Mim nunca pode ser sujeito, depois que aprendi os "Casos" em alemão e latim (e fiquei sabendo que tinha no russo também). Aí eu associei os 'casos' com o termo "Pronome pessoal do CASO reto" e "Pronome pessoal do CASO oblíquo". E nem a professora de Latim, nem a de Alemão e meus colegas professores de Português até hoje entenderam por qual motivo o Lhe é sempre objeto indireto - o Lhe (como o MIGO, do COMIGO) é do CASO DATIVO, e o Mim (com o O, da 3a pessoa do singular) não faz nada pois é do CASO ACUSATIVO e o Ele e o Eu é do CASO NOMINATIVO! Como as declinações de substantivos por CASO em alemão, latim ou russo.

Ate hoje não falo nem alemão, nem latim (e nem português), e muito menos volapuque, mas aprendi uma lição de análise sintática que nunca me explicavam - por qual motivo DIACHO o Lhe é objeto indireto se não tem nenhuma proposição!!!!!!

A Griffe da HP serviu para alguma coisa.

Otávio