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terça-feira, 18 de junho de 2013
Debates sobre a questão da Bissexualidade
Há uma portaria da ANVISA proibindo homossexuais de doar sangue.
Tudo bem! Vamos supor que seja válido o argumento de que há mais
chances de homossexuais terem DST e AIDS (o que é mentira, pois, a
chance transmissão em relações heterossexuais é maior do que a de
mulheres homossexuais, por exemplo: na realidade a ANVISA parte do
princípio de que homossexuais são promíscuos, o que nem sempre é
verdade).
Vamos supor válido o argumento. COMO SE SABE SE
ALGUÉM NÃO TEVE RELAÇOES HOMOSSEXUAIS NOS ÚLTIMOS 12 MESES? O critério é
responder um questionário. Porém, me pergunto quem será sincero nesses
questionários!!!
Basta vocês entrarem no chat da UOL para ver
inúmeros de "hxh", "homem quer", "no sigilo" etc, etc. A maioria diz que
'não é do meio', e 'não é e nem curte afeminados'. E isso você nem
precisa abordá-los para ver. Vê até quem não quer.
Basta vcs
entrarem no ASK para ver que 50% dos perfis das garotas elas dizem que
são bi, homo ou hetero. Quer dizer, já pressupõe que receberão
investidas de outras garotas.
Basta vcs observarem que há
milhares de travestis em postos de prostuição e com anúncios na
Internet, que, com a mesma beleza de uma mulher cobram 50% do preço, e,
TODAS, dizem que tem pelo menos 100 homens as procurando todos os meses.
E se olhar nos fóruns virtuais de "T-Lovers" a maioria é casado,
totalmente masculino, e muitos já tiveram alguma experiência homossexual
com homens masculinos. Vários deles são passivos e quase todos fazem
sexo oral, porém, há de se lembrar que também os apenas ativos estão
praticando um ato homossexual.
Acho que na sociedade de hoje
não faz mais sentido os rótulos, pois, acredito que 90% da população que
nunca teve uma experiência homossexual é por motivos culturais: a
família que o Educou que o certo é homem gostar de mulher e vice-versa, e
que é errado (ou pecado) fazer sexo com pessoas do mesmo sexo, e isso é
reforçado pela Igreja, pelo Estado e pela Mídia. A vida toda. Gays e
Lésbicas são vistos com esterótipos.
Na realidade, mesmo que a
homossexualidade seja genética, o interesse de alguém ter experiência
homossexual não é. Acho que a vontade de saber, como dizia Foucault, é
elemento chave da humanidade, e, na vontade de saber, inclui o sexo, e,
difícil aquele que não tem curiosidade de saber como é o sexo com
pessoas diferentes.
Certamente o monogâmico tem curiosidade de
saber como é outro parceiro e o heterossexual tem vontade de
experimentar coisas com pessoas do mesmo sexo. É importante dizer que a
monogamia e a heterossexualidade são valores culturais criados, não são
universais, há muitas culturas atuais e do passado que não possuem esses
valores. Entre os povos pré-cristãos era muito comum a relação
homossexual, seja masculina ou feminina.
Desde os primórdios o
homem conseguia se transformar em mulher quando quisesse. Alexandre, o
Grande era apaixonado por um eunuco (uma espécie de travesti da
antiguidade). Nero mandou transformar um escravo que parecia com sua
mulher (que ele mandou assassinar) em mulher (cortando o seu pênis) e
passou a ser amante dele. O Imperador Adriano era apaixonado no seu
servo Alicino, que não era travesti, mas tinha traços andróginos e era
uma espécie de crossdresser medieval.
Há muitos homens que
gostam apenas de mulheres (heterossexuais talvez) que gostam de mulheres
'com pênis' para experimentar com elas sensações que não possuem com as
mulheres genéticas, como o sexo oral passivo ou ser penetrado.
Travestis maravilhosamente lindas, que a tecnologia e a medicina atual
permitem, com pênis, são interessantes para quem deseja experimentar
coisas diferentes e não gosta da aparência masculina. Porém, essa
relação com outra mulher linda, porém, biologicamente homem, é uma
relação homossexual.
Quem vai garantir que aquele que assina o
documento de doação de sangue não teve, nos últimos 12 meses, uma
relação homossexual? Acho muito difícil as pessoas serem sinceras numa
sociedade como a de hoje, que, a despeito de tudo, cada dia se torna
mais bissexual, com a ressignificação do papel do sexo, não apenas para
procriação, mas para prazer, recreação e descoberta.
Não existe
nada de errado com o sexo entre duas pessoas adultas, conscientes de
todos os riscos e psicologicamente preparadas para isso. Seja ele hetero
ou homossexual. E, a correlação que se faz de homossexualidade com
promiscuidade é um preconceito, fruto da ignorância.
Kinsey fez
um estudo de bissexualidade, onde classificou os homens em 7 níveis de
sexualidade, sendo o 6 o homossexual puro até 0 o heterossexual puro,
sendo 3 o bissexual. Ele acredita que 50% dos homens tenha passado (na
prática), em alguma fase da vida, entre os estágios de 1 a 6. Ou seja,
50% dos homens, em alguma fase da vida, tiveram experiências
homossexuais na prática.
Kinsey em um extenso estudo (leve-se
em conta que muita gente mente nesses questionários) encontrou 4% de
homossexuais exclusivos, 5% de predomínio homo hetero incidental, 7%
predomínio homo hetero eventual, 9% hetero e homo na mesma
predisposição, 11% predomínio hetero homo eventual, 14% predomínio
hetero homo incidental, 50% hetero exclusivo, sendo os níveis de 6 a 0,
respectivamente.
Quer dizer: 14% dos hetero são
incidentalmente, em alguma fase da vida homossexuais, praticando sexo
com outros homens, por curiosidade, por experiência, ou para agradar uma
parceira ou para realizar algum fetiche. E 11% dos heterossexuais
praticam sexo homossexual de forma eventual, mesmo gostando de mulheres.
9% são bissexuais. Acredito que nenhum desses seria barrado pela
ANVISA.
Acredito que a sexualidade interfere muito no que é
sociedade e na idéia sobre Poder... Foucault já dizia isso, e isso não
foge muito do que a psicanálise fala.
Kinsey não falava isso,
mas eu apenas acreditaria na honestidade de alguém que se dissesse
igualmente hetero e homossexual. Todos os outros podem fazer afirmações
de cunho político, prático ou mesmo para delimitar suas convicções.
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